Paisagem
Augusta Schimidt
Cheirando mato molhado
Matagal sorvendo o néctar do dia
Enxadas que sobem e descem
Desejos de felicidade alcançada
Sonhos coloridos de barro vermelho
Grãos que rolam, espalhando-se no terreiro
Aroma brasileiro...
(Publicada na Apostila do Ensino Fundamental do Sesi Educa pela Fundação Paulo Freire)
O café chegou ao norte do Brasil, mais
precisamente em Belém, em 1727, trazido da Guiana Francesa para o Brasil pelo
Sargento-Mor Francisco de Mello Palheta a pedido do governador do Maranhão e
Grão Pará, que o enviara às Guianas com essa missão. Já naquela época o café
possuía grande valor comercial.
Devido às nossas
condições climáticas, o cultivo de café se espalhou rapidamente, com produção
voltada para o mercado doméstico. Em sua trajetória pelo Brasil o café passou pelo Maranhão, Bahia,
Rio de Janeiro, São Paulo, Paraná e Minas Gerais. Num espaço de tempo
relativamente curto, o café passou de uma posição relativamente secundária para
a de produto-base da economia brasileira. Desenvolveu-se com total
independência, ou seja, apenas com recursos nacionais, sendo, afinal, a
primeira realização exclusivamente brasileira que visou a produção de riquezas.
Em condições favoráveis a cultura se estabeleceu inicialmente no Vale do Rio
Paraíba, iniciando em 1825 um novo ciclo econômico no país. No final do século
XVIII, a produção cafeeira do Haiti , até
então o principal exportador mundial do produto , entrou em crise devido à
longa guerra de independência que o país manteve contra a França.
Aproveitando-se desse quadro, o Brasil aumentou significativamente a sua
produção e, embora ainda em pequena escala, passou a exportar o produto com
maior regularidade
Além de ter sido fonte de muitas das nossas riquezas, o café permitiu alguns feitos extraordinários. Durante muito tempo, o café brasileiro mais conhecido em todo o mundo era o tipo Santos. A qualidade do café santista e o fato de ser um dos principais portos exportadores do produto determinaram a criação do Café Tipo Santos.
Implantado com o mínimo de conhecimento da cultura, em regiões que mais tarde se tornaram inadequadas para seu cultivo, a cafeicultura no centro-sul do Brasil começou a ter problemas em 1870, quando uma grande geada atingiu as plantações do oeste paulista provocando prejuízos incalculáveis.
Depois de uma longa crise, a cafeicultura nacional se reorganizou e os produtores, industriais e exportadores voltaram a alimentar esperanças de um futuro melhor. A busca pela região ideal para a cultura do café se estendeu por todo o país, se firmando hoje em regiões do Estado de São Paulo, Minas Gerais, Paraná, Espírito Santo, Bahia e Rondônia.
No final do século
XVIII, o café estava chegando ao
Vale do Paraíba, no Estado de São Paulo: era o início da grande saga do café do
Brasil.
História
Econômica da Região Sudeste: Do Ciclo do Café à Industrialização
Após a independência do
Brasil e o início do Ciclo do Café, a região Sudeste passou a ser a área mais
próspera do país.
O Sudeste é a região mais desenvolvida do Brasil, apresentando as
maiores concentrações industrial e populacional A origem dessa concentração industrial e urbana, principalmente em
São Paulo e no Rio de Janeiro, deve-se à economia cafeeira, que representou a força
motriz para o desenvolvimento de infraestrutura e acúmulo de capitais.
Após a independência do Brasil em relação a
Portugal, teve início o breve Período Imperial, quando o eixo econômico do país
estava começando a se concentrar na região Sudeste, em especial nos estados do
Rio de Janeiro e São Paulo. Dessa forma, a partir da segunda metade do século
XIX teve início no estado de São Paulo a ascensão cafeeira e o reajuste da
economia regional e nacional.
Baseado na monocultura do café, no latifúndio e no
trabalho escravo, a colonização do estado de São Paulo ganhou novas
características, inicialmente no Vale do Paraíba e posteriormente no interior
do estado, denominado sertão paulista. A abolição da escravatura em 1888
transformou as relações de trabalho nas fazendas paulistas, mas não encerrou as
diferenças sociais entre brancos e negros.
A produção cafeeira tornou-se o carro-chefe da
economia nacional e impulsionou a estruturação econômica, política e social do
estado de São Paulo, com o desenvolvimento da malha ferroviária, melhoramento
de portos, configuração do comércio regional e proporcionando acúmulo de
capitais. A mão-de-obra imigrante, com destaque para a presença italiana no
estado de São Paulo, representou a passagem do trabalho escravista para a
mão-de-obra assalariada, utilizada posteriormente na constituição das primeiras
fábricas paulistas. O governo nacional neste período foi constituído pelos
grandes fazendeiros de café existentes na região sudeste e conduziram o país em
detrimento de seus próprios interesses.
A partir da década de 1950, o crescimento econômico
da região atraiu uma grande quantidade de imigrantes, em especial do Nordeste
brasileiro. A população imigrante nem sempre conseguiu ser absorvida de forma
equilibrada, provocando uma crise no sistema de habitação das cidades, que
cresceram desordenadamente em direção às periferias dos grandes centros.